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Exposição com obras de Tarsila do Amaral está em cartaz no MASP

Abaporu (foto: Internet)

Está em cartaz no MASP (Museu de Arte de São Paulo) até o dia 28 de julho uma exposição com obras de uma das mais conhecidas artistas brasileiras, expoente do movimento modernista no país: Tarsila do Amaral (1886 – 1973). Chamada “Tarsila Popular“, é a mais ampla exposição já dedicada à artista, reunindo 92 obras a partir de novas perspectivas, leituras e contextualizações.

De família abastada, de fazendeiros do interior de São Paulo, Tarsila desenvolveu seu trabalho com base em em vivências e estudos em Paris a partir de 1923. Por meio das aulas com artistas franceses, aprendeu a devorar os estilos modernos da pintura europeia, como o cubismo, para digeri-los e, de maneira antropofágica, produzir algo singular. É importante chamar atenção para a noção de antropofagia, criada por Oswald de Andrade (1890-1954): um programa poético através do qual intelectuais brasileiros canibalizariam referências culturais europeias com o objetivo de digeri-las e criar algo único e híbrido, além de incluir elementos locais, indígenas e afro-atlânticos.

De volta ao Brasil, declarou: “Sou profundamente brasileira e vou estudar o gosto e a arte dos nossos caipiras. Espero, no interior, aprender com os que ainda não foram corrompidos pelas academias”.

O enfoque da exposição é o “popular”, noção tão complexa quanto contestada, e que Tarsila explorou de diferentes modos em seus trabalhos ao longo de toda a sua carreira. O popular está associado aos debates sobre uma arte ou identidade nacional e a invenção ou construção de uma brasilidade. Em Tarsila, o popular se manifesta através das paisagens do interior ou do subúrbio, da fazenda ou da favela, povoadas por indígenas ou negros, personagens de lendas e mitos, repletas de animais e plantas, reais ou fantásticos. Mas a paleta de Tarsila também é popular: “azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante”.

Boa parte da crítica em torno de Tarsila feita até hoje no Brasil enfatizou suas filiações e genealogias francesas, possivelmente em busca da legitimação internacional da artista, mas assim marginalizando os temas, as personagens e as narrativas populares que ela construiu. Hoje, após bem-sucedidas mostras nos Estados Unidos e na Europa, pode-se olhar para Tarsila de outras maneiras. Nesse sentido, os ensaios e comentários sobre suas obras incluídos na exposição e no catálogo são elementos fundamentais do projeto. Não por acaso a polêmica pintura “A Negra” recebe atenção especial dos autores e é um trabalho central na mostra.

“Tarsila Popular” não busca esgotar essas discussões, que levam em conta também questões de raça, classe e colonialismo, mas há a necessidade de estudar essa artista tão fundamental em nossa história da arte a partir de novas abordagens. Abaporu (1928), obra mais famosa de Tarsila – e uma das mais famosas de artistas brasileiros – estará na exposição.

A exposição faz parte de uma série que o MASP organiza reconsiderando a noção de “popular”, desde “A mão do Povo Brasileiro” (1969/2016) e “Portinari Popular”, em 2016, até “Agostinho Batista de Freitas”, em 2017, e “Maria Auxiliadora”, em 2018. “Tarsila Popular” é organizada no contexto de um ano inteiro dedicado a artistas mulheres no MASP em 2019, sob o título de “Histórias das mulheres, histórias feministas”. A exposição dialoga com duas outras dedicadas a artistas que exploraram a noção do popular de diferentes maneiras: “Djanira: a memória de seu povo”, até 19 de maio, e “Lina Bo Bardi: Habitat”, que também vai até 28 de julho.

“Tarsila Popular” tem curadoria de Fernando Oliva, curador do MASP, e pode ser visitada até 28/07, de quarta a domingo (ingressos por R$ 40,00), das 10h às 17h30, e às terças (entrada gratuita), das 10h às 19h30. O endereço do MASP é Avenida Paulista, nº 1578, próximo ao metrô Trianon-MASP.

Fonte: MASP

Sobre o autor

Publicitário, especializado em Marketing e Comunicação Integrada. Amante da vida, encantado por pessoas e suas singularidades. Fã inveterado de filmes de terror, ouvinte assíduo de música jamaicana e rock pesado. E, claro: Vai, Corinthians!

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