Filhos: células em um mundo sem solução

Filhos: células em um mundo sem solução

Há certo tempo cheguei a um questionamento que atinge qualquer pessoa que cresce e passa a compreender a vida e seus altos e baixos: “Eu quero ter filhos?”
A minha resposta para essa pergunta, pelo menos por enquanto, é não. Essa resposta não se deve aos fatos convencionais de gastos excessivos e nem ao enorme trabalho de cuidar de uma criança. Ele está ligado diretamente à sociedade e à maneira como ela respira hoje em dia.

Émile Durkheim, um filósofo alemão, criou uma teoria chamada de “Organicidade”, que tende a explicar a sociedade como se fosse um corpo humano em atividade, e nós, cidadãos, somos classificados como células.
Seguindo essa linha de pensamento, caso haja uma só célula cancerígena, ela afetará as outras.

A minha ideia do porquê não querer ter filhos parte de um princípio semelhante: a sociedade não pode mais prover a nenhum indivíduo uma educação satisfatória, na minha opinião. Sim, pois hoje não são mais os pais que criam e ensinam os filhos, infelizmente é o ‘’mundo lá fora”, a própria sociedade.

Até certo ponto, os pais podem intervir nas atitudes aprendidas e reproduzidas pela criança, mas dificilmente terão força para tal.
O feito com que os cidadãos fossem perdendo o discernimento e a capacidade de pensar de maneira crítica em seus atos foi gradativo, mas chegou ao ponto em que praticamente não há como contrariar. As influências são inevitáveis, e considerando a situação atual, eu que não irei colocar mais uma célula nesse corpo.

Atualizado em 02/2021
Foto por Kelli McClintock em Unsplash

Sobre o autor

Um cara que é estudante de jornalismo (quase) dedicado, com uma barba ruiva que só vê barbeador (bem) de vez em quando e que gosta de tentar entender o que se passa pela cabeça das pessoas. Meio maluco, mas se entende com a bagunça que é sua mente, gosta de videogames e quadrinhos e é aficcionado por buscar explicações (não) científicas do mundo em que vocês acham que ele vive. Tudo isso enquanto toma uma xícara de chá e ouve discos de vinil de várias décadas atrás.

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