Relatos de uma campuseira de primeira viagem – CPBR9

PalcoCPBR

Como todos sabem, ou a maioria deve saber, na última semana de janeiro rolou a Campus Party 9 em São Paulo. Esse evento tem como objetivo incentivar o empreendedorismo e a inovação. O tema desse ano foi “Feel the Future”, ou seja, mostrar que o nosso futuro será muito mais interativo.

Pois bem, eu, Natália, achava que era apenas mais um evento nerd do qual estou acostumada, confesso que pensar em ficar dias em um só lugar me causava pavor. Mas superei meus medos e fui. Conclusão, estava totalmente errada e simplesmente amei a CPBR9. Resolvi separar em tópicos e contar um pouco como foi essa experiência para uma pessoa que não tem nada de exatas na vida.

Amizades

Jpeg
Eu e amiguinhas na Campus B

 

Antes da CPBR9, meu noivo, que trabalha com tecnologia e é veterano, me convidou para participar dos grupos de conversa do Telegram. Lá pude conhecer algumas pessoas muito interessantes, como a Aline Carvalho, que participa do blog Campusero’s Club. Também foi feito um grupo no whatsapp somente com meninas.

Lá conheci a Adrielle, que se tornou minha filhote enquanto estávamos acampadas. Passamos a maioria dos dias juntas, mesmo nossos focos sendo totalmente diferentes, já que ela faz Engenharia da Computação em Minas e eu somente trabalho com redes sociais.

Também pude conhecer o pessoal da bancada LGBT, que posso falar que são uns lindos. Apesar do que todo mundo fala, as pessoas estão lá sim atrás de amigos, é possível fazer contatos que você levará para a vida ou pelas edições de CPBR9.

O corre-corre

Brinde do stand da Sebrae
Brinde do stand da Sebrae

A coisa mais normal daquele lugar é ver gente correndo. Temos a tradicional corrida com cadeiras, onde todos pegam a sua cadeira e corre pelo Anhembi, temos as pessoas correndo atrás de brindes, temos as pessoas fingindo que estão correndo atrás de brindes para enganar os novatos, como eu.

Falando em tradições, o barulho também é uma coisa constante. Todos os dias às 10h éramos acordados por um “BOM DIA CAMPUS PARTY OOOOOOOOOO”. O primeiro dia foi complicado, tenho os ouvidos sensíveis e a mistura do barulho da ventilação, gritos e palestras me deixou bem mal, mas no segundo dia ficou comum, tanto que minha primeira manhã pós-campus eu ainda podia ouvir tudo nitidamente.

Comida e Mariana Bonfim

Área de Camping logo no começo

Bom, essa parte é um pouco chata. Conheci Mariana num momento bem chato para nós duas. Vamos lá, antes do evento havia sido divulgado que seria proibido a entrada de comida, mas isso foi desmentido pelo criador do evento, Paco Ragaeles.

No primeiro dia consegui entrar com a minha marmita normalmente feita por uma empresa que começou dentro da CPBR, a Marmotex. Na hora do jantar do segundo dia fomos proibidos de entrar na arena com comida.

A justificativa era, se passássemos mal com aquela comida, o evento não conseguiria cobrir e era questão de higiene. O problema era, na área do restaurante do evento, era possível ver pombas e insetos voando sobre a comida, sem contar as pessoas que acharam insetos em saladas. Então, sorry CPBR, não colou.

A segunda coisa, o marido de Mariana fez cirurgia bariátrica e eles estavam com a filha de 1 ano e 7 meses, ou seja, não poderiam comer nos restaurantes oferecidos (Black Dog, Spoleto). Eu estava com o mesmo problema, já que estou fazendo um tratamento que não posso comer muitas coisas industrializadas.

Discutimos, Mariana chamou a polícia, a organizadora veio brigar com a gente falando que não tínhamos razão. Vejam, Mariana Bonfim é uma palestrante, ela apresenta a Batalha de Sagas, uma das mais cheias da Campus. Como ela deixaria a filha em casa para participar do evento? Não tinha como e justamente por causa disso os organizadores deveriam pensar em como acomodar campuseiras e seus filhos.

Foi divulgado uma carta de retratação, mas até o momento só isso foi feito. Para piorar a situação, tanto a organizadora quanto a advogada falaram que Mariana pode processar, afinal, ela tem um advogado, a Campus tem um prédio inteiro.

Enfim, acabou que a comida foi liberada dentro da Open Campus, nas mesas dos restaurantes, mas isso não acalmou os ânimos de ninguém. Agora vamos esperar como será a Campus Party em Recife e como será a de 2017.

Palestras e pessoas incríveis

Outra fotinho da Campus B ♥
Outra fotinho da Campus B ♥

O que chama a atenção na Campus é a chance de você conhecer pessoas incríveis e assistir palestras que podem ajudar muito na sua vida. Uma delas foi a do Dado Schnider, esse homem maravilhoso que é apenas o criador da marca Claro e um dos fundadores da agência DM9. Dado era um campuseiro acima de tudo e sua palestra foi uma das mais lotadas.

Uma das palestras que mais me chamou a atenção fora do palco principal foi uma discussão sobre Black Mirror e Distopia Digital. Não vou me prolongar, afinal eu poderia escrever 5 páginas sobre o assunto aqui, mas posso dizer que a proximidade com os palestrantes foi algo que realmente empolgava os campuseiros. Foi possível conversar com engenheiros do facebook, desenvolvedores e até mesmo cyborgues.

Bancadas e o lado B

Bom, as bancadas eram um evento a parte. E estão vendo esse negócio roxo? Era um cabo de vassoura com uma fita de led, um verdadeiro ponto de referência. Ah, não posso esquecer da impressora 3D que atraia muitos visitantes todas as horas. A Stella é criação dos meninos da Boa Impressão 3D, dois amigos muito simpáticos que também eram palestrantes.

Há também o lado desconhecido da Campus Party. A Campus B acontece todas as noites do lado de fora do evento para maiores de 18, lá rola pizza barata, cerveja e outras bebidas. Também é a chance de você conhecer um pouco melhor os palestrantes sem toda aquela formalidade, como foi o meu caso com o Tavião.

Se vocês estão se perguntando como é feito o controle de idade, menores de 18 precisam da autorização dos responsáveis para poder andar fora do evento, portanto, adolescentes e crianças realmente ficam 24 horas sendo vigiadas pelos staffs e seguranças.

A volta para a realidade e considerações finais

Fila da saída e da vergonha ~
Fila da saída e da vergonha ~

Posso falar que a semana da CPBR9 foi uma das melhores que já tive. Claro, o cansaço ainda persiste, afinal sai de lá e já estava trabalhando normalmente na segunda-feira. Devo ter dormido entre 4 e 5 horas por noite, mas era impossível descansar mais do que isso.

Na cerimônia final aconteceu a premiação dos campeonatos de jogos e dos hackatons, que são competições para desenvolvedores. Os ganhadores recebem prêmios, a empresa compra a ideia e para conseguirem tudo isso, muitos ficam todas as noites em claro, não era a toa que havia distribuição de café 24h e energético de vez em quando.

O evento tem muito a melhorar em relação a estrutura, mas esse ano foi compreensível, afinal, foi dito que a cultura digital não faz parte da cultura e não pode ser incluído na Lei Rouanet, o que interferiu nos patrocinadores.

Teve atividades e palestras para todas as áreas, então se você não é da área de T.I., mas sempre esteve curioso para ver como é o evento, a Campus Party te ajudará a entender muito mais da parte de tecnologia, redes sociais e ainda lhe renderão bons contatos.

Agora a única coisa que posso fazer é esperar a CPBR10 e gritar Ooooooooo. ♥

Sobre o autor

Jornalista, Social Media e niilista nas horas vagas. Fanática por cinema, sempre estou atrás de eventos diferentes e que envolvam a cultura nerd. Deixo meus resquícios em todos os lugares e em lugar nenhum https://medium.com/@nataliamarretti

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