Summer Breeze Brasil atinge objetivo e estreia com sucesso

Summer Breeze Brasil atinge objetivo e estreia com sucesso

Nos dias 29 e 30 de abril de 2023, São Paulo recebeu mais um grande festival de música: o Summer Breeze Brasil, edição de estreia no país do Summer Breeze Open Air, festival já tradicional na Europa que carrega consigo a fama de ser um dos maiores eventos de heavy metal do mundo.

Fugindo à tradição deste tipo de festival, o local da cidade escolhido para receber o Summer Breeze Brasil não foram os costumeiros Autódromo de Interlagos, Sambódromo do Anhembi ou Jockey Club de São Paulo – e sim o Memorial da América Latina, conhecido ponto cultural da cidade que se mostrou útil também para sediar grandes eventos musicais, principalmente por sua facilidade de acesso – já que tem entradas ao lado do metrô Palmeiras-Barra Funda (Linha 3-Vermelha) – mas também por permitir uma pluralidade de atrações que vão além da música, visto que o Memorial tem espaços e instalações internas aptos para abrigar outros tipos de ações e interações, como foi o caso no Summer Breeze.

Com dois dias, quase 40 atrações musicais espalhadas em quatro palcos, palestras e eventos culturais que aconteceram em sua área interna, o Summer Breeze Brasil levou milhares de pessoas à sua bem-sucedida primeira edição.

No Memorial, os dois palcos principais do festival – chamados de ‘Hot’ e ‘Ice’ – ficavam lado a lado e eram separados do restante da estrutura do evento pela passarela aérea do local, fazendo os fãs se locomoverem de um lado para outro de acordo com o cronograma que cada um fez para ver suas atrações preferidas. Nos dois dias, os shows aconteceram com pontualidade, o que se mostrou um dos pontos positivos do evento. Nos palcos Hot e Ice, assim que uma atração saía de um, a próxima já subia ao outro no máximo cinco minutos depois, respeitando os horários divulgados ao público.

Foto: MH Arts

Sábado

O sábado (29), primeiro dia do evento, recebeu diversas atrações, algumas de bastante renome, sendo difícil apontar qual seria a principal. Os trabalhos do dia foram abertos às 11h pelo Voodoo Kiss, banda alemã cujo baterista, Achim Ostertag, é ninguém menos que o fundador do Summer Breeze europeu. Ao mesmo tempo, os visitantes do Waves Stage – um palco exclusivo e coberto do evento – recebia a première do documentário que conta a história do finado vocalista e compositor brasileiro Andre Matos (1971 – 2019), um dos nomes brasileiros mais conhecidos do mundo do heavy metal.

Como destaques do dia, vamos começar falando dos brasileiros: João Gordo e seu projeto Brutal Brega, as talentosíssimas meninas da Crypta e músicos do Shaman e do Viper (bandas das quais Andre Matos foi vocalista), junto com outros músicos convidados, se apresentaram entre a manhã e a tarde e fizeram shows dignos da magnitude do evento. A ressalva fica apenas para a homenagem dos músicos do Angra e Viper a Andre Matos, pois em momentos do show ficou parecendo que as músicas executadas não tinham sido muito ensaiadas por eles; mas nada que estragasse o tributo à grande voz brasileira do heavy metal que nos deixou em 2019.

No meio da tarde, no palco Ice, o Sepultura encerrou os shows das atrações nacionais do dia com maestria, fazendo o que mais sabe: mostrando todo o seu peso! E mais uma vez nos fez ter orgulho de sermos o país nativo desta grande banda que é influência pra muitas outras ao redor do mundo.

Sepultura (foto: MH Arts)

Ainda nos palcos principais, rolou uma chuva de shows memoráveis de bandas consagradas em diferentes subgêneros do metal. O Skid Row mostrou que seu novo vocalista, Erik Gronwall, que assumiu o posto em 2022, tem realmente a voz e o talento que o veterano grupo precisava, pois o sueco mostrou jovialidade, voracidade e carisma ao cantar clássicos como “18 and Life” e “Youth Gone Wild”, gravadas por Sebastian Bach décadas atrás, e também músicas novas, como “Time Bomb” e “The Gang’s All Here”, gravadas por ele mesmo no ano passado.

Skid Row (foto: Piero Paglarin)

O Lamb of God era outra atração bastante esperada do evento e, quando subiu ao palco, mostrou o porquê. A banda liderada pelo vocalista Randy Blythe destilou 1 hora de puro peso enquanto se apresentou, ganhando o elogio de ter sido um dos melhores shows dos dois dias do evento, tanto por fãs que estiveram presentes quanto por blogs e sites especializados em rock.

Lamb of God (foto: Piero Paglarin)

Sendo talvez a única banda do evento não pertencente a um subgênero do heavy metal, o Stone Temple Pilots fez um show crescente. No começo, a banda parecia tímida, o que fez a apresentação ter um início morno. Depois, com o passar do tempo, o vocalista Jeff Gutt foi se soltando, encontrando reflexo na plateia, que também foi se animando. Dessa forma, o show foi esquentando e, principalmente de seu segundo terço até o final, entregou momentos de emoção (com uma música dedicada ao finado vocalista Scott Weiland), empolgação (por várias vezes Gutt foi até a plateia e interagiu com ela enquanto cantava) e saudosismo (com canções que embalaram os anos 90 de muita gente, como “Plush”, “Interstate Love Song” e “Sex Type Thing”, entre outras).

Stone Temple Pilots (foto: Piero Paglarin)

Enquanto isso, no palco Sun, o Accept entregava uma apresentação que também atingiu a expectativa do público, relembrando alguns clássicos da carreira e músicas menos badaladas.

O Blind Guardian talvez tenha sido o show mais aguardado do dia, pois a plateia do palco Hot estava lotada quando a banda alemã deu as caras naquele que foi o último show externo da data de abertura do Summer Breeze Brasil. Falando muito e mostrando simpatia, o vocalista Hansi Kürsch liderou o grupo, que provou com muitos clássicos da carreira porque é um dos nomes mais admirados do metal melódico com temática fantástica. Desse modo, como de costume, o Blind Guardian fez um show épico – não só na temática, mas também em termos de qualidade e emoção.

Blind Guardian (foto: MH Arts)

Domingo

Dia de encerramento do Summer Breeze Brasil 2023, o domingo deu a São Paulo um tempo quente e com bastante sol – o que, pra muita gente, é uma dificuldade a mais para passar um dia num festival majoritariamente aberto. Mas os shows do dia conseguiram fazer o público não dar importância quase nenhuma para o tempo.

Entre outras atrações, algumas das principais bandas do domingo contemplavam tanto o thrash/death metal (Kreator, Testament, Napalm Death, Krisiun), quanto o metal melódico/power metal (Avantasia, Stratovarius, Beast in Black) e o metalcore (Parkway Drive, Bury Tomorrow, Project46).

O início da maratona de shows se deu com os brasileiros do Krisiun no palco Hot e a estreia no Brasil do Velvet Chains, no palco Sun; ambos às 11h. Depois, uma série de atrações internacionais diversas tomou conta do evento. O H.E.A.T. levou seu hard rock de qualidade ao palco Hot por volta das 13h, o que desagradou alguns fãs, que queriam um horário mais tardio para a apresentação da banda, mais próximo das atrações principais.

O Bury Tomorrow e o Finntroll fizeram as apresentações que começaram por volta das 14h, ápice do sol naquele dia de calor; a primeira banda no palco Ice e, a segunda, no palco Sun. Enquanto o Bury Tomorrow mostrou o peso e a porrada do metalcore, um dos subgêneros mais crescentes do metal, ouvido principalmente pelos fãs mais jovens, o Finntroll mostrou sua mistura muito bem-sucedida de black metal com folk metal.

Bury Tomorrow (foto: Piero Paglarin)

Por volta das 15h, subiu ao palco Hot a primeira das atrações consideradas principais do evento: o Testament. Com um show direto e reto, o grupo de thrash metal animou a plateia e gerou as primeiras rodinhas mais movimentadas do dia. 

Testament (foto: Piero Paglarin)

No palco Ice, a sequência de shows foi tomada desta vez pelo power trio The Winery Dogs, banda formada por músicos renomados que não é tão popular no Brasil, mas tem uma certa base de fãs. Ao mesmo tempo, no palco Sun, o Beast in Black – que também não é muito conhecido no país – fazia uma apresentação fabulosa, certamente conquistando fãs que até então não conheciam seu trabalho.

The Winery Dogs (foto: MH Arts)

O final da tarde marcou o início da série de shows mais esperada do dia. O primeiro deles foi um dos mais celebrados: o Kreator subiu ao palco Hot por volta das 17h30 e fez uma apresentação monstruosa, mostrando-se digno da alcunha de um dos melhores grupos de thrash metal, comparável ao ícone Slayer. O prêmio de “maior rodinha do festival”, se existisse, também seria dado ao Kreator.

Kreator (foto: Piero Paglarin)

Cinco minutos depois, o Avantasia subia ao palco Ice e solidificava o revezamento entre metal melódico e thrash/death metal. Projeto idealizado pelo animado vocalista alemão Tobias Sammet que conta com inúmeros músicos e cantores convidados em suas gravações e shows, o Avantasia fez outra apresentação que entrou para a coleção das melhores do evento, levando ao palco convidados especiais – como Eric Martin, vocalista do Mr. Big – e tocando clássicos de seus diversos álbuns. Sucessos como “Book of Shallows”, “Dying for an Angel” e “Farewell” marcaram presença no repertório.

Finalizando os shows externos da noite – e da primeira edição do Summer Breeze Brasil – o Parkway Drive e o Stratovarius se apresentavam quase ao mesmo tempo, o primeiro no palco Hot e o segundo no palco Sun, entregando aos seus respectivos fãs tudo o que eles queriam: metalcore pesado e de qualidade, no caso do Parkway Drive – banda criticada por alguns quando foi anunciada como headliner, mas que já está acostumada a encabeçar grandes festivais – e um power metal limpo e muito bem trabalhado, no caso do Stratovarius.

Stratovarius (foto: MH Arts)

Palestras

Sendo um festival diferenciado, em que a música se encontra com a cultura, o Summer Breeze Brasil apresentou ao público duas palestras exclusivas: o vocalista do Iron Maiden, empresário, piloto e escritor Bruce Dickinson falou no sábado sobre como chegou aonde está; enquanto Simone Simons, vocalista do Epica, palestrou sobre mulheres no metal e outros assuntos que acercam o tema, no domingo.

Eventos paralelos

Outra peculiaridade do Summer Breeze Brasil foram os eventos culturais que aconteceram dentro do festival, em locais cobertos.

A Horror Expo Experience levou ao Memorial o melhor e mais atual do mundo do horror. Estandes com colecionáveis e souvenirs temáticos de terror e fantasia, como canecas, quadros, adereços e até espadas, estavam à disposição do público; além de personagens como Michael Myers, Jason, a menina possuída Regan (de ‘O Exorcista’), o palhaço Pennywise (de ‘It’), Pinhead (de ‘Helleraiser’), entre outros, que andavam pelo evento para que o público pudesse tirar fotos.

O universo da tatuagem também foi celebrado no evento com o Tattoo Rock Fest, que ocupou uma área interna do Memorial com estandes de tatuadores – que tatuavam visitantes na hora – e marcas ligadas à cultura da tattoo e à cultura urbana em geral.

Conclusão

Desde quando foi anunciada, a primeira edição do Summer Breeze Brasil prometia um evento à altura do festival original europeu, e de forma geral, podemos dizer que a versão nacional cumpriu as expectativas. É claro que  falhas foram apontadas por fãs, como por exemplo a falta de clareza ao comunicar exatamente o que era o Summer Lounge, uma das áreas do evento que dava privilégios aos compradores do ingresso específico. Mesmo assim, em sua missão de trazer o melhor do heavy metal ao país e ainda colocar um ‘plus’ de cultura em meio a muita música, o Summer Breeze Brasil se mostrou eficiente e alcançou o objetivo, tendo deixado um gostinho de ‘quero mais’ em boa parte das milhares de pessoas que compareceram no Memorial da América Latina nos dias 29 e 30 de abril.

Foto de topo: Piero Paglarin

 

Observação: o Sobreviva em São Paulo não se responsabiliza por possíveis mudanças nas informações acima, que são válidas até esta data.

 

Sobre o autor

Publicitário, especializado em Marketing e Comunicação Integrada. Amante da vida, encantado por pessoas e suas singularidades. Fã inveterado de filmes de terror, ouvinte assíduo de música jamaicana e rock pesado. E, claro: Vai, Corinthians!

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