Sobre o medo, a coragem e a cidade

Sobre o medo, a coragem e a cidade

Eu nunca fui de querer explorar a cidade, sempre tive medo, receio e até um pouco de desinteresse, admito. Foi só a algum tempo que isso mudou, e agora explorar São Paulo é uma das coisas que eu mais faço.

Minha mãe sempre teve medo de me deixar andar sozinho por São Paulo, principalmente à noite. Eu não tiro a razão dela, afinal infelizmente não vivemos na cidade mais segura do mundo, por mais incrível e maravilhosa que ela seja. “Você não vai para lá sozinho essa hora!” e “Você volta como? Vai com quem?” foram frases que eu ouvi durante muito tempo, e eu não fico chateado por isso não, pois acredito totalmente que comecei a andar por aí na hora certa, quando meus passos não eram mais tão solitários.

Quando conheci minha namorada, notei que ela era muito mais desprendida e tranquila em relação a andar por aí independente da hora, transporte ou quaisquer outros motivos que poderiam impedi-la. Daí em diante eu passei a não só curtir a cidade, eu passei a respirar São Paulo.

Nunca conheci tantos lugares novos, tantos teatros, tantos bairros e caminhos diferentes para o mesmo lugar. Nunca pensei que houvesse tanta beleza em cada canto da cidade à noite, São Paulo acontece à noite muito mais do que de dia, pelo menos para quem deseja curtir as ruas e as calçadas pretas e brancas fora do horário de trabalho. Caso você trabalhe de madrugada, meu amigo…você tirou a sorte grande!

Embora eu tenha concordado com a minha mãe há alguns anos, é inegável que a minha vida sofreu uma transformação absurda quando eu passei a andar por aí. Aprendi que depois das 22h a Rua Augusta vira outra rua, que shoppings não são o único passeio pela cidade e que o metrô é extremamente lotado depois das 23h por mais que feche uma hora depois (ou duas se for sábado).

Respirar a cidade, seu ar de modernidade misturado com o clássico, o oxigênio da noite refletida nos prédios da Av. Paulista e nos vidros das estações de metrô, aproveitar a arquitetura diferenciada que cada cantinho oferece como beleza aos olhos…

Conhecer São Paulo foi mais do que conhecer São Paulo, foi conhecer outro eu, que de outro modo, eu jamais conheceria.

Atualizado em 02/2021
Foto por Guilherme Stecanella em Unsplash

Sobre o autor

Um cara que é estudante de jornalismo (quase) dedicado, com uma barba ruiva que só vê barbeador (bem) de vez em quando e que gosta de tentar entender o que se passa pela cabeça das pessoas. Meio maluco, mas se entende com a bagunça que é sua mente, gosta de videogames e quadrinhos e é aficcionado por buscar explicações (não) científicas do mundo em que vocês acham que ele vive. Tudo isso enquanto toma uma xícara de chá e ouve discos de vinil de várias décadas atrás.

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