Aquele amor paulistano

Aquele amor paulistano

A gente se conheceu numa fila. Tem como ser mais amor paulistano que isso? Queríamos entrar no mesmo evento, abarrotado, começamos a conversar daquela maneira bem clichê:

“Nossa, será que vai demorar muito?”

Ainda bem que demorou.

Ficamos mais de duas horas conversando sobre a vida, se você conhecia o bairro que eu morava, já que ninguém mais conhecia.

“Meus pais não são daqui, eles são do interior. Inclusive na Fradique Coutinho tem uma sorveteria da cidade deles, você tem que conhecer”.

Comentamos sobre os planos para aquele fim de semana e no fim você topou conhecer a tal sorveteria no domingo.

Nosso primeiro encontro começou no metrô, na estação que mais venta nessa cidade. Fomos andando para a sorveteria comentando sobre os perrengues do transporte público.

“Nossa, outro dia no ônibus quase rolou porrada porque uma mulher tava ouvindo música evangélica sem fone”.

A sorveteria estava fechada, mas você sorriu pra mim e perguntou se eu topava ir até a Paulista, aproveitar a avenida aberta e tomar um sorvete por lá mesmo. Naquele domingo choveu, e mesmo não me conhecendo, não me julgou quando falei que tinha medo de raios e estava apavorada. Ficou me entretendo com histórias da cidade para eu esquecer da tempestade.

Você era a primeira pessoa que eu conhecia que era tão apaixonado por São Paulo quanto eu, que conhecia lugares que não eram parte da rotina.

Fomos ao Parque da Água Branca em um dia e você não se envergonhou com as minhas reações aos animais soltos, até achava engraçado eu gostar tanto.

Me levou ao Obelisco do Ibirapuera num 9 de julho para assistir o desfile e ainda contou emocionado a história daquele lugar.

Enfrentou um caminho de 2 horas e meia somente para ver as cerejeiras no parque Do Carmo. Começou a ter interesse pelas exposições que eu fazia questão de ir na Pinacoteca e no MIS. Aprendeu a ver filmes que fugiam do seu gosto no Belas Artes.

Me levou no Museu da Imigração para mostrar o livro com o nome dos seus bisavôs e teve que segurar o choro lembrando da história da família. Apreciou a vista do Pico do Jaraguá em silêncio enquanto aproveitava aquela brisa fresca.

Nosso amor, assim como a cidade, foi muito rápido. Quando vimos, já estávamos preparando o nosso casamento. Hoje olho e penso, que amor paulistano não é?

Tudo foi corrido, foi intenso, foi cheio de emoções, mas ao mesmo tempo foi caloroso, teve um cuidado que você quase não encontra por ai. Nesse dia 12 só quero comemorar o dia com o meu eterno namorado na melhor cidade que já vivi.

Atualizado em 03/2021
Foto por Amin Moshrefi em Unsplash

Sobre o autor

Jornalista, Social Media e niilista nas horas vagas. Fanática por cinema, sempre estou atrás de eventos diferentes e que envolvam a cultura nerd. Deixo meus resquícios em todos os lugares e em lugar nenhum https://medium.com/@nataliamarretti

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