Brava Companhia estreia peça Terra de Matadouros, livremente inspirada em clássico de Bertolt Brecht

Brava Companhia estreia peça Terra de Matadouros, livremente inspirada em clássico de Bertolt Brecht

Com direção de Fábio Resende, espetáculo conta com versões para palcos e rua e tem temporada de circulação gratuita em maio e junho.

Com uma crítica ao sistema capitalista em ruínas, o espetáculo Terra de Matadouros, da Brava Companhia, estreia em uma temporada gratuita de circulação por teatros e ruas de São Paulo, ao longo dos meses de maio e junho de 2022. A peça, dirigida e adaptada por Fábio Resende, é livremente inspirada no texto Santa Joana dos Matadouros, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956).

Em cena, Ademir de Almeida, Elis Martins, José Adeir, Márcio Rodrigues, Max Raimundo e Paula da Paz se revezam na interpretação de dezenas de personagens, na operação técnica e na execução de músicas originais, que são tocadas e cantadas ao vivo. A peça é estruturada sem coxias, ou seja, todo o jogo cênico acontece aos olhos do público. As sessões acontecem no Centro Cultural Santo Amaro (dias 12, 18 e 25 de junho) e no Centro Cultural São Paulo (dias 21 e 22 de maio). Em junho terá apresentações nas ruas. Confira as datas abaixo.

A partir do enredo original da peça, escrita em 1931, o espetáculo evidencia a crise provocada pela superprodução do mercado de carne em Chicago, nos Estados Unidos, dos anos de 1930. Em cena, aparecem duas tramas: de um lado está o grande industrial da carne enlatada Pedro Paulo Borraca, que cria artimanhas nefastas para continuar lucrando diante do fiasco financeiro.

Do outro, está a ingênua Joana Dark, a líder do grupo religioso Exército dos Boinas Pretas, que luta para diminuir o sofrimento dos desempregados e desalentados. E o destino dessa personagem não poderia deixar de ser trágico, depois que ela é renegada tanto por seu grupo religioso – que se alia aos industriais em troca de apoio ideológico – quanto pelos trabalhadores – que se veem traídos pela pretensa heroína.

Além dessas duas histórias, a peça mostra a organização dos capitalistas diante da desorganização da classe trabalhadora. Ainda aparecem o Partido Comunista, retratado como um vestígio dessa desarticulação operária; o Estado, responsável pela repressão armada aos rebeldes; e a imprensa, a porta-voz política do capital.

Segundo o diretor Fábio Resende, a Brava Companhia começou a flertar com a ideia de adaptar Santa Joana dos Matadouros entre 2017 e 2018. “Ao lermos a peça, evidenciamos a atualidade dela, principalmente no que se refere às formas mais avançadas de extração de mais valia, ou seja, o capital organizado pautando uma pretensa organização social extremamente violenta no que diz respeito à supressão de direitos e imposição da precariedade do mundo de trabalho”, conta. 

A montagem pretende criar uma aproximação entre a situação apresentada pelo texto de Brecht e o contexto atual do Brasil, considerado um dos maiores produtores de carne do mundo. “Estudamos muito o avanço do capitalismo financeiro no Brasil e no mundo e os instrumentos ideológicos de enfraquecimento do Estado frente ao rentismo. Apesar de se passar entre o final dos anos 1920 e o início dos anos 1930, o processo é bem parecido ao que ainda vivemos no país, cujo processo capitalista é, em alguns aspectos, tardio”, acrescenta o encenador.

Além do texto de Brecht, o grupo pesquisou obras como Guerras Híbridas, de Andrew Korybko; Brasil- Capital Imperialismo, de Virginia Fontes; 17 Contradições e o Fim do Capitalismo, de David Harvey; e livros de Ricardo Antunes sobre o mundo do trabalho.

A cenografia de Márcio Rodrigues evidencia a diferença social entre os industriais e os trabalhadores: as cenas acontecem em cima de um grande palco suspenso, onde figuram os industriais da carne, e o chão, onde os trabalhadores são representados. 

Terra de Matadouros foi pensada em duas versões: uma para os palcos de teatros e outra para a rua. “A versão para espaços fechados acontece de maneira frontal, com cenografia e duração ampliadas. Já a versão para a rua é o que chamamos de síntese, organizada por uma grande cena e músicas criadas para a peça. São versões diferentes”, revela o diretor.

Em junho, A Brava também fará o lançamento do Caderno de Erros 5, uma publicação que têm a função de difundir a pesquisa, os estudos e os referenciais teóricos adotados e produzidos pelo grupo.  Além de materiais formativos, eles também cumprem a função de registro histórico da trajetória da Companhia.

Serviço:

TERRA DE MATADOUROS, COM A BRAVA COMPANHIA
Classificação: 12 anos
Duração: 105 minutos
Ingressos: grátis, são distribuídos uma hora antes de cada apresentação nos teatros. Nas apresentações na rua, basta chegar ao local no horário marcado.

TEMPORADAS NOS TEATROS
Centro Cultural de Santo Amaro – Avenida João Dias, 822, Santo Amaro
Dias 12, 18, 19 e 25 de junho – Sábados às 20h e domingos às 18h.
Apresentações exclusivas para escolas e grupos: 18 de maio, às 10h30. Dias 15, 22, 29 e 30 de junho, às 10h30. Dias 16 de junho, às 16h e às 19h.

Centro Cultural São Paulo – Rua Vergueiro, 1000, Paraíso
Dias 21 e 22 de maio – Sábado às 20h30; domingo às 17h e 20h30.

TEMPORADA NA RUA

Praça do Campo Limpo – Rua Dr. Joviano Pacheco de Aguirre, 30, Jardim Bom Refúgio
Dias 4 e 5 de junho _Sábado às 11h e domingo às 12h.

 São Bento – local a definir
Apresentações: Dia 11 de junho – Sábado, às 11h e 12h.

Avenida Paulista – local a definir
Dia 26 de junho – Domingo, às 11h e às 12h.

Sobre o autor

Desenvolvi a identidade visual do Sobreviva em São Paulo e criei o blog quando a página no Facebook tinha mais ou menos um ano. Atualmente, além de produzir contéudo para o blog e cuidar do back-end, tenho foco no gerenciamento dos perfis do Instagram e Pinterest. Sou graduado em publicidade e propaganda, pós graduado em gestão empresarial e marketing pela ESPM e trabalho em uma agência de publicidade.

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