Onde vamos parar?

Texto de Priscilla Millan

Imagem: Site Tribuna Hoje
Imagem: Site Tribuna Hoje

Na cidade eu sempre me sinto um pouco perdida. O barulho ferrenho dos ônibus, dos carros e pessoas que ali transitam tiram a paz e a simplicidade do interior. Onde o chão é quente, a poeira sai de escapamentos e o céu cinza  espanta meus olhos, a saudade chega a doer. E a respiração leve não existe mais.

Aqui é sim a terra das oportunidades, cá estou eu aqui que me mudei. A cidade tem mil e uma coisas para fazer: arte, cinema, teatro, música, dança, culinária, ou seja, não temos como negar o que está na nossa frente. No sertão, temos muita coisa para fazer também, mas a vida é outra. Há paz, companhia e bonança. Para mim mesmo, o que muda, são os valores das pessoas. Na cidade, a maioria do todo vê as relações com dinamismo. Trazem a fácil mobilidade e agilidade rotineiras para as conversas do dia a dia, para uma relação de amizade ou até mesmo entre um casal.

As pessoas se cobram demais, são cricris, acham que toda aquela neura do trabalho, aquele estresse devem ser jorrados para as relações, para as atitudes. Como se tudo que você sofre no seu dia, toda aquela preocupação, as horas marcadas, os prazos, fossem usados como um canalizador e quem paga conta são as pessoas à sua volta.

Olhem, longe de mim dar lições de moral, eu sei do perrengue que é o dia a dia, mas eu prezo e acho encantador as relações humanas naturais, sem plágios de novelas, a menina querendo ou idealizando num homem o mocinho da novela, a briga de casais por uma curtida ou comentário em fotos nas redes sociais, a falsidade de pessoas que só falam as coisas para agradar você.. cadê a sinceridade das pessoas? As emoções são tão supérfluas que os diversos emoticons à disposição não dão conta de expressar?

Imagem: Site Uol
Imagem: Site Uol

No interior pode ter e tem disso, não eximo nada e nem excluo. Isso existe em todo o lugar. Mas de onde venho os valores não podem se perder assim de forma tão descabida. Mais que o ar puro, o verde e a paz perdidos na cidade grande, perde-se a vontade de entender e compreender as coisas. Paciência hoje é artigo de luxo, quem tem tá quase perdendo.

Dane-se esses padrões e esses ciúmes que nascem por meios digitais, não palpáveis, vamos é viver por favor. A cidade é grande, disso sabemos, só não deixa a cidade, de tão grande, engolir você e tudo que você pensa ou quer. Podemos ser maiores que tudo. Como disse o saudoso Martin Luther King, “Se um homem não descobriu nada pelo qual morreria, não está pronto para viver”. Algo maior.

Priscilla Millan Sou uma estudante de jornalismo que escolheu a profissão para conhecer histórias e tocar o coração das pessoas. Além de informar, gosto de escrever, de forma sutil, leve e desconcertante. Gosto da magia das palavras, de seu cheiro e de seus rastros. Gosto de atitudes, mas que por trás delas, haja belas palavras que eternizam cada momento.

Sobre o autor

Priscilla Millan é uma estudante de jornalismo que escolheu a profissão para conhecer histórias e tocar o coração das pessoas. Além de informar, gosta de escrever, de forma sutil, leve e desconcertante. Gosta da magia das palavras, de seu cheiro e de seus rastros. Gosta de atitudes, mas que por trás delas, haja belas palavras que eternizam cada momento.

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