O feriado é da independência, mas a discussão é sobre o jornalismo.

photo1-e1374176279554 (1)Sou jovem, estudante de jornalismo e freelancer. O que tudo isso significa diz muito mais sobre a realidade do jornalismo, do que sobre a minha própria vida. Observo meus colegas de classe e arrisco-me a dizer que o trabalho dentro das tradicionais redações não inspira mais a avidez dos novos jornalistas.

Às vésperas da semana do feriado da independência, cabe a nós a tarefa de refletir sobre as novas relações de trabalho num país que se tornou independente em 1822, mas que começa a saborear as delícias da liberdade aos poucos.

A nova geração busca nas realizações profissionais não somente o pagamento no final do mês, ela quer também quebrar as amarras entre patrão e funcionário. Tenho a sensação de que nós buscamos, cada vez mais, âmbitos na vida que nos lembrem do desejo inato do ser humano, que é ser livre.

Jovens e mais jovens são formados com a responsabilidade de voltar a humanizar as relações de trabalho. Muitas plataformas surgiram para aproximar as pessoas e dar voz a elas, como por exemplo, as redes sociais e, mais recentemente, aplicativos como o Periscope – que se você ainda não conhece, vale a pena baixar e descobrir. Quem sabe você fique, assim como eu, assustado com as novas relações sociais. Vale a reflexão!

O jornalismo autônomo representa a atuação livre dos moldes de produção já conhecidos, é a criação que começa a se desprender das redações e da autarquia das grandes empresas de comunicação, reinventando as relações da mídia com o povo.

É claro que a noção dessa autonomia é relativamente nova e ainda vem cercada de muita utopia e empolgação, mas não devemos desconsiderar sua força.

Muito já foi discutido sobre a imprensa independente, ainda mais depois do furor causado pela Mídia Ninja, pelo grupo Anonymous e todas as outras equipes que levantaram a bandeira da nova cara do jornalismo no Brasil e no mundo.

Uma novidade dentro da produção independente é, com certeza, o estreitamento do canal entre consumidores e produtores de notícias. O crowdfunding representa muito mais do que o financiamento colaborativo de conteúdo jornalístico e midiático, mas também é sinônimo da livre escolha dos temas, dos profissionais envolvidos e dos meios de publicação. Hoje é possível, por exemplo, pagar uma revista mensalmente e escolher o que se quer ler em suas páginas. Assim, um jornalista (que também pode ter sido previamente escolhido pelo público) escreve a matéria como se fosse uma encomenda e o leitor, por sua vez, se torna uma espécie de financiador direto.

A principal colaboração do crowdfunding para o consumidor é o poder de escolha e, para o jornalista, é o aumento do campo de atuação.

O crescente número de blogs também dá um formato muito especial ao jornalismo independente. Eles representam uma nova alternativa para unir a paixão pela escrita à divulgação de ideias e, de quebra, ainda podem se tornar fonte de renda.

Várias empresas autônomas, conhecidas como agências freelacers, tem abraçado uma grande parcela de jornalistas para atuarem como redatores remotos. A internet possibilita que o conteúdo seja enviado de qualquer lugar do mundo, sem que os colaboradores necessariamente se conheçam, e estes, por sua vez, podem ainda conciliar outras atividades com esse tipo de trabalho.

Muitas são as mudanças e acredito que vivemos ainda na pontinha do iceberg. Encarar essa nova realidade da profissão que eu escolhi para a vida me dá aquela coceira intrigante de não saber o que está por vir, mas também me traz a sensatez de que ainda há muito que se aprender sobre o jornalismo e, principalmente, sobre a independência.

 

 

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