Um Nordestino que venceu em São Paulo.

Jorge é nordestino, teve que sair do Nordeste fugindo da fome e da seca, nasceu em épocas secas, tempos duros, difíceis, convivia com o desemprego e onde comer era luxo. Jorge sempre teve a esperança de sair daquele lugar, onde a dor mais doída para Jorge, além da fome, era sua família passando necessidades. Casado com Maria Lucia (21) e com 3 filhos pequenos, Carlos Alberto (2), Joanderson (3) e Marlyn (4), Jorge não aguentava  mais chegar em casa sem nada para comer, tentou diversos empregos, mas a situação nordestina não era fácil.

Jorge tinha um parente que tinha ido para São Paulo tentar a vida, era um herói para sua família, alugara uma casa e já mandava alguns vinténs para sua família no Nordeste, almejava levar sua esposa e filhos para São Paulo, representava uma esperança para uma boa parte do povo, ele dizia que tinha bastante trabalho e que com algum tempo daria para ganhar algum dinheiro. Seria essa a opção de Jorge para amenizar sua situação precária, ir para São Paulo, arrumar um emprego, se firmar na cidade e tirar sua família da seca.

Jorge pegou o próximo ônibus sentido São Paulo, foi muito duro deixar sua casa e família, mas foi atrás de um sonho, se sentia representante da família, buscava o sonho de todos. Quando chegou procurou seu primo, este o apresentou ao mestre de obra para que Jorge já começasse a trabalhar ainda naquele mesmo dia. Começado Jorge estava muito empolgado, trabalhava muito firme como servente de pedreiro, e a noite se abrigava na casa de seu primo. Com o tempo Jorge foi frequentando a boêmia da cidade de São Paulo. Jorge sabia alguns acordes e umas canções que havia aprendido com seu Pai, tocava violão, pandeiro e sanfona. Além de ser apaixonado por música.

Com o passar do tempo, depois de muito trabalho duro, muito sofrimento, por ter ficado todo esse tempo longe de sua família, por ter que enfrentar um preconceito e ter que se adaptar ao ritmo alucinante da cidade Jorge já estava em condições de trazer sua família para morar em um quarto alugado perto do centro de São  Paulo, e já se considerava um morador da cidade desde pequeno, conhecia o centro na palma de sua mão, frequentava os bares e rodas de samba. E assim trouxe sua família para morar, depois de 3 anos, enfim estava junto de sua família.

De tanto frequentar os bares da cidade, um dia pediu para tocar uma música, vendo a aceitação das pessoas com aquele musico nordestino arretado, foi convidado sempre a tocar e cantar naquele bar. Foi então que descobriu ali uma chance de seguir outra carreira, a de músico. Jorge sabia que em São Paulo existiam muitos bares e locais para se apresentar, foi então que ficou 1 ano nessa jornada dupla, de dia era Jorge pedreiro e de noite era Jorge da viola.

Jorge se firmou na noite como um músico de muito talento e até arriscava suas composições e marchinhas, hoje ganha a vida de bar em bar, ou até mesmo na rua, com suas músicas. Sua família agora passa bem, seus filhos estão matriculados no inglês, sua mulher fez curso de cabelereiro e abriu um salão de cabelereiro como sócia de mais duas amigas.

Ser nordestino em Sampa nem sempre é fácil, sofre preconceito e tem que ralar dobrado, mostrar seu valor, mesmo sem o preparo que a cidade cobra. Jorge também viu muita pobreza na cidade, muita dificuldade. Mas também muita oportunidade. Jorge é um nordestino que apesar de suas dificuldades em São Paulo, conseguiu vencer na selva  de pedras.

imagem: Freepik

Sobre o autor

Defini-lo é difícil, se diz Escritor e poeta, com formação e atuação nas áreas de comunicação, mas na verdade é apenas um rapaz latino americano, que escreve para se libertar de seus pensamentos. Procura transcrever com palavras o que seus olhos registram e o seu coração sente. Literalmente.

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