Ressaca de carnaval.

No carnaval as pessoas se esbaldam, dançam, cantam e se divertem, conhecem pessoas, brincam pela cidade, desfilam nos blocos, na avenida e usam muito álcool. As pessoas criam um relacionamento com o carnaval, solteiros curtem, namorados curtem, casados curtem e crianças também curtem, é uma festa de todos e para todos.

Passados os dias das festas, depois de ir atrás dos blocos é hora de ir atrás da realidade. O Que não é fácil, para quem ficou de 4 a 5 dias na festa, que são suficientes para deixar qualquer um habituado com essa ‘realidade’ do carnaval. Tirando da “vida real”.

A quarta-feira de cinzas é um divisor de águas, ela é responsável por acabar com as festividades oficiais, aquelas que estão no calendário. Já que a folia não oficial pode se estender por mais alguns dias.

Depois das 12:00 da quarta cinzenta, a cidade volta a ser cinza, o preto e branco vem recolhendo toda a cor que o carnaval deixou pelas ruas, voltando a dar a tonalidade que a cidade está habituada, os piratas e cleópatras voltam a ser o terno e gravata da Avenida Paulista, os copos de bebidas viram as pastas e mochilas, o caos colorido vira fumaça e transito caótico. Deixando a impressão que tudo não passou de um sonho.

Carnaval geralmente é regado por bebidas alcoólicas, gerando uma ressaca gigantesca quase que todos os dias, ressaca essa curada com outra ressaca, que passam batido tamanha a euforia das festas. Os amores de carnaval aqui também ajudam a curar as ressacas.

O carnaval podia acabar em uma sexta para dar tempo de se recuperar dos danos, e começar na segunda, mas ele termina na quarta, deixando 2 dias da semana ainda ativos para se fazer coisas, com compromissos e contas, é a vida da cidade de São Paulo batendo na porta. Quando na verdade o que seria mais cabível seriam 4 dias para curar a ressaca de carnaval (ressaca física, psicológica e alcoólica).

São Paulo não é uma cidade projetada para o carnaval, embora o carnaval seja maior que um projeto, ele é avassalador, não respeita os limites dessa cidade cinza, ele vem e colori, chega causando alvoroço, dando uma pequena pausa nessa cidade pensada para carros, trabalho e o cinza. Mostra um lado que fica camuflado na cidade, escancarando uma realidade que vive dentro das pessoas, mesmo que lá no fundo.

A ressaca de carnaval é dura, triste e pode durar bastante tempo, dependendo do quanto você “aprontou”, e a única coisa que pode alegrar os foliões é que ano que vem tem outra vez.

arte: Aline Macedo.
arte: Aline Macedo.

Sobre o autor

Defini-lo é difícil, se diz Escritor e poeta, com formação e atuação nas áreas de comunicação, mas na verdade é apenas um rapaz latino americano, que escreve para se libertar de seus pensamentos. Procura transcrever com palavras o que seus olhos registram e o seu coração sente. Literalmente.

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