Dropkick Murphys e Booze & Glory fazem show épico em São Paulo
Talvez o rock seja um dos gêneros musicais que mais tenham vertentes derivadas. Pop rock, heavy metal, hard rock, punk rock, indie rock, hardcore e mais uma infinidade de vertentes fazem parte do leque que o gênero nos apresenta. Tudo bem que nomenclaturas não importam absolutamente nada quando você gosta de uma música, pois essa música apenas agrada seus ouvidos e ponto final, mas temos que admitir que a diversidade sonora que o rock oferece é enorme.
Uma dessas várias vertentes é o celtic punk: uma curiosa mescla entre punk rock e música celta com pitadas de folk, que mistura instrumentos tipo gaita de fole, bandolim, acordeão etc. – típicos da cultura celta – com os instrumentos tradicionais de uma banda de rock. O celtic punk é pouco popular, mas possui seus grandes representantes e inúmeros fãs mundo afora.
A mais conhecida e conceituada banda do celtic punk mundial atende pela alcunha de Dropkick Murphys. Originada em Boston (EUA), o Dropkick Murphys tem 21 anos de carreira, construídos com seis álbuns de estúdio, três álbuns ao vivo e alguns EPs e coletâneas.
Atualmente, o Dropkick Murphys está presenteando seus fãs sul-americanos com uma turnê pelo continente com 4 países no roteiro, incluindo o Brasil, onde o grupo tocou em 3 capitais: Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. Para esses shows, a banda trouxe um convidado mais que especial para fazer a apresentação de abertura: o Booze & Glory, renomada banda inglesa de street punk que também possui seus fãs por aqui. Ambos os grupos estão voltando ao país. Enquanto o Dropkick Murphys esteve por aqui pela primeira vez em 2014 com uma passagem elogiadíssima, o Booze & Glory fez sua estreia no país no ano passado.
O show das bandas em São Paulo foi o segundo desta tour e aconteceu no dia 28 de outubro, um sábado, na Tropical Butantã.
Abertos os portões da casa, alguns fãs já começavam a entrar. Uma hora depois, na batida das 19h, com a casa já mais cheia, o Booze & Glory fez-se valer da pontualidade britânica e subiu ao palco para começar os trabalhos da noite. Question Mark (vocal/guitarra), Liam The Lion (guitarra/vocal), Chema (baixo) e Frank Pelle (bateria) entraram sob uma suave introdução em piano de “Days, Months & Years”, primeira faixa de “Chapter IV” (2017), álbum mais recente da banda, e começaram a detonar seus hits. “Leave the Kids Alone”, “The Day I’m In Grave”, “Down and Out”, “Carry On”, “Blood From A Stone”, a sensacional “London Skinhead Crew” e “Only Fools Get Caught” (as últimas três tocadas em sequência) foram as músicas mais antigas que a banda tocou, intercaladas com várias músicas de “Chapter IV”, como “Maybe”, “Back On Track” (que ganhou um videoclipe na semana passada), “Last Journey”, “The Time Is Now”, “Violence and Fear” e a ótima “Simple”.
O público cantou e curtiu bastante. Liam The Lion e Question Mark se revesavam nos vocais, enquanto Chema, baixista recém incorporado à banda, também dava um show de animação. Em um determinado momento, Liam fez questão de deixar claro que a banda se posiciona contra a homofobia, o racismo, o sexismo e outros preconceitos.
Famoso por suas melodias similares a hinos de torcidas de futebol e com letras que exaltam Londres e a classe trabalhadora britânica, o Booze & Glory fez uma abertura digna de muitos aplausos, com seus músicos agitando a plateia o tempo todo. Ao final de “Only Fools Get Caught”, que fechou a apresentação (que durou cerca de 1 hora), a banda foi merecidamente reverenciada pelos fãs.
Também pontual, o Dropkick Murphys entou no palco às 20h30 ao som de “The Lonesome Boatman”, faixa instrumental de “11 Short Stories of Pain & Glory (2017), álbum tema da turnê, e dos costumeiros gritos de “Let’s Go, Murphys! Let’s Go, Murphys!” exaltados pela plateia, que já estava ansiosa. Um a um, os músicos tomaram seus postos enquanto o vocalista Al Barr saudava o público.
Animação, sorrisos e comemoração foi o que se viu quando o grupo começou seu show. “The Boys Are Back”, “I Had A Hat” e “Rebels With A Cause” foram as primeiras músicas tocadas, seguidas por “Sunshine Highway”, The Warrior’s Code” e “Johnny, I Hardly Knew Ya”. Com um desfile de sucessos como esse, era difícil ver quem não estava cantando com a banda.
No palco, o grupo se apresentava bem animado, com os músicos principais agitando o público o tempo todo. Al Barr até desceu e foi mais perto da galera em certos momentos. O sorridente vocalista e baixista Ken Casey também foi uma figura a parte, conversando várias vezes com os fãs. Dos outros músicos, destacam-se Jeff DaRosa e Tim Brennan. Enquanto o primeiro se mostrou um versátil instrumentista, revesando guitarra, flauta e bandolim de acordo com as músicas, Tim mostrou enorme destreza no manejo do acordeão, além de também ter tocado guitarra.
“Blood”, “Prisoner’s Song”, “Paying My Way”, “Famous For Nothing”, “Out Of Our Heads”, “First Class Loser”, hit a trás de hit – velhos e novos – foram sendo executados. Alguns covers também marcaram presença: “I Fought the Law”, do The Crickets (mas que é mais famoso pela voz do The Clash), “If the Kids Are United”, do Sham 69, e “Halloween”, do Misfits, além de uma versão do Dropkick para “You’ll Never Walk Alone”, de Rodgers & Hammerstein.
É claro que os “hinos” da banda não foram esquecidos. “Rose Tattoo”, “Going Out In Style”, “I’m Shipping Up to Boston” e “The State of Massachusetts” fizeram a Tropical Butantã inteira cantar e vibrar. A banda fez também um medley com músicas do início de sua carreira, relembrando o glorioso passado.
Ao final do show, quando ia executar “Until The Next Time” já em tom de despedida, a banda convidou as mulheres presentes para subirem ao palco, e foi prontamente atendida. A mulherada cantou, dançou e tirou selfies com os músicos. Em um segundo momento, os homens foram chamados, e também não decepcionaram. Todos permaneceram no palco e ainda viram o grupo tocar a já citada “Halloween”, do Misfits, encerrando de vez a noite.
Com o palco cheio de fãs lado a lado com os músicos, o show do Dropkick Murphys teve um final épico, assim como foi durante toda a sua duração.
Obrigado, Dropkick Murphys! Obrigado, Booze & Glory! Que se façam mais noites épicas como essa…
Confira o setlist executado pelo Dropkick Murphys:
The Lonesome Boatman
The Boys Are Back
I Had a Hat
Rebels with a Cause
Sunshine Highway
The Warrior’s Code
Johnny, I Hardly Knew Ya
Blood
Prisoner’s Song
I Fought the Law (The Crickets cover)
Paying My Way
Famous for Nothing
First Class Loser
Citizen C.I.A.
God Willing
Barroom Hero / Do or Die / Never Alone / Boys on the Docks
You’ll Never Walk Alone (Rodgers & Hammerstein cover)
Out of Our Heads
In the Streets of Boston
Rose Tattoo
Going Out In Style
I’m Shipping Up to Boston
Após breve parada:
If the Kids Are United (Sham 69 cover)
The State of Massachusetts
Until the Next Time
Halloween (Misfits cover)