Debate no Sesc Itaquera aborda a Democracia Corinthiana dos anos 80
Ainda em meio à ditadura militar, em 1982, teve início no Sport Club Corinthians Paulista um movimento que provocou mudanças estruturais importantes no clube, com reflexos na sociedade: a Democracia Corinthiana. Este momento histórico do futebol brasileiro será tema do bate-papo “Futebol e Democracia”, que acontece neste domingo (6), das 14h às 15h30, no ginásio de esportes do Sesc Itaquera (Av. Fernando do Espírito Santo Alves de Mattos, 1000 – Itaquera).
O debate contará com a participação de um trio formado pelo ex-jogador do Corinthians Zé Maria, o “Super Zé”, uma das lideranças daquele elenco protagonista do movimento; Celso Unzelte, jornalista da ESPN, historiador e escritor; e Queren Pereira, membro do Coletivo Democracia Corinthiana (CDC). A mediação será de Alexandre Kesper, educador do Sesc Itaquera.
A Democracia Corinthiana
Em 1981, o time do Corinthians vivia um momento conturbado dentro de campo, nos campeonatos Paulista e Brasileiro. Com o fim da gestão de Vicente Matheus e a eleição de Waldemar Pires como novo presidente, a gestão de futebol passou a ser responsabilidade do sociólogo Adílson Monteiro Alves, que costumava ouvir as opiniões dos jogadores sobre os mais diversos assuntos.
Foi a alavanca para que a Democracia Corinthiana entrasse em ação. Em meio a uma sociedade que não tinha direito ao voto, algumas lideranças do elenco, como os então jogadores Zé Maria, Sócrates, Wladimir, Casagrande, Biro-Biro e Zenon, criaram meio para que todas as decisões tomadas pelo clube, na área de futebol, deveriam ser votadas antes. Todos os envolvidos – dirigentes, atletas e equipe de apoio – tinham direito a um voto.
Logo no primeiro ano da autogestão, o treinador Mário Travaglini levou a equipe à semifinal do Campeonato Brasileiro e ao título paulista. O bicampeonato estadual veio na temporada seguinte, em 1983.
Com o ótimo momento, o próximo passo seria ajudar a dar fim à repressão vivida no país. Assim, os integrantes do movimento participaram do comício pelas Diretas Já e reivindicaram a aprovação da Emenda Constitucional Dante de Oliveira, que propunha, entre outros itens, que as eleições presidenciais fossem realizadas por voto direto, o que não ocorria desde 1960.
O movimento ganhou a simpatia de grandes personalidades, como a cantora Rita Lee, o jornalista Juca Kfouri e o publicitário Washington Olivetto, e ainda hoje é rememorado em matérias jornalísticas e pela torcida corinthiana, que ostenta camisetas, bandeiras, faixas e demais materiais sobre o tema.
Agora, a Democracia Corinthiana será tema deste debate especial no Sesc Itaquera, para que o público mais novo saiba como aconteceu o movimento e os mais velhos – que acompanharam o movimento enquanto ele acontecia – possam reviver fatos e histórias da época.
SERVIÇO
Debate Futebol e Democracia
Data: 06/11 (domingo)
Horário: 14h às 15h30
Local: Sesc Itaquera (Av. Fernando do Espírito Santo Alves de Mattos, 1000 – Itaquera) – ginásio de esportes
Entrada: gratuita
Foto de topo: Divulgação/Sesc Itaquera
Observação: o Sobreviva em São Paulo não se responsabiliza por possíveis mudanças nas informações acima, que são válidas até a data de publicação.
Sobre o autor
Piero Paglarin
Publicitário, especializado em Marketing e Comunicação Integrada. Amante da vida, encantado por pessoas e suas singularidades. Fã inveterado de filmes de terror, ouvinte assíduo de música jamaicana e rock pesado. E, claro: Vai, Corinthians!