Solidão, a moda do século XXI

Solidão, a moda do século XXI

O número de pessoas morando sozinhas cresceu entre 1998 e 2009. A proporção dos que viviam sozinhos passou de 8,4% para 11,6%; sendo que encontramos nas regiões metropolitanas percentuais maiores do que a média nacional.

Mesmo os que não moram sozinhos optaram por uma vida somente a dois. De acordo com a pesquisa realizada pela Síntese de Indicadores Sociais (SIS), 2,1 milhões de casais com boas condições financeiras resolveram não ter filhos.

A solidão ocorre com frequência em cidades densamente populosas, aonde muitas pessoas podem se sentir deslocadas. Elas sentem a falta de uma comunidade identificável, sentindo-se perdidas numa multidão anônima. Ainda assim, a solidão ocorre mesmo nas populações menores, mas a quantidade de pessoas aleatórias que entram em contato com o indivíduo diariamente numa cidade grande pode levantar barreiras de interação social, uma vez que não há profundidade nas relações.

No começo do século XX, as famílias eram tipicamente maiores e mais estáveis, os divórcios eram raros e poucas pessoas viviam sozinhas.

Um estudo de 2006, da revista American Sociological Review, descobriu que o percentual de pessoas que declararam não ter amigos confidentes cresceu de 10 para quase 25%.

Estar sozinho pode ser uma experiência positiva. Em seu crescimento como pessoa, o ser humano começa um processo de separação ainda no nascimento, a partir do qual continua a ter uma independência crescente até a idade adulta. Desta forma, sentir-se sozinho pode ser uma emoção saudável. Para sentir solidão, entretanto, o indivíduo passa por um estado de profunda separação. Isto pode se manifestar através de sentimentos de abandono, rejeição, depressão, insegurança, ansiedade, falta de esperança, inutilidade, insignificância e ressentimento. Se tais sentimentos são prolongados eles podem se tornar debilitantes e bloquear a capacidade de ter um estilo de vida e relacionamentos saudáveis. A baixa autoestima pode dar início a uma desconexão social.

A revista Isto é divulgou uma matéria com o tema: “Sou feliz sozinho” que aborda a vida dos jovens das cidades que estão sozinhos. Munida de pesquisas, depoimentos e opiniões a matéria conclui que estar sozinho e ser solitário são coisas diferentes, e ao contrário do que dizem os poetas em seus versos, é possível ser feliz sozinho. Para reforçar que este estilo de vida é atrativo, os solteirões, encalhados e titias da antiguidade hoje são referências e não querem mudar seu status. Isso é o que mostra também a revista Veja que em outubro lançou uma matéria sobre o assunto e em setembro presenteou os solteiros com um guia de serviços para quem está só. Juliana Linhares também discute o assunto refletindo sobre a estrutura familiar moderna na matéria: “Éramos tantos e somos tão poucos”. Aqui a jornalista aponta a estrutura familiar atual, “… onde os casais têm menos filhos, os filhos se dispersam, os primos desaparecem, ninguém quer opinião de tia e as famílias enormes viram um retrato na parede”.

Coincidência ou não, outra patologia tem ocupado a mídia: a depressão. Juntamente com o crescimento do novo modo de vida urbano também vem aumentando o índice de depressivos, segundo a revista Caros Amigos com a matéria: “Depressão na sociedade do vazio”; tema que também foi destaque nas revistas Capricho e Cult. A depressão é abordada na matéria de Táki Cordás sob a ótica de psicólogos que definem a doença como patologia de base primordialmente orgânica.

“…OMS estimou, no mês passado, que em 2030 a depressão será a mais comum entre as doenças humanas…” (publicado em 09 de outubro de 2009 – revista Cult).

A previsão deixada pela mídia é de um homem informatizado, sem núcleo familiar, frequentador de bons lugares, com poder aquisitivo e intelectual alto, estimado por todos, sozinho e depressivo.

Foto por Anderson Santos em Unsplash

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