De repente me deparei conversando com a gravação da minha operadora de telefone, já me peguei discutindo com outros serviços de autoatendimento, o GPS não deve me aguentar mais, embora eles não me respondam, é instintivo bravejar, resmungar, ou me declarar para componentes eletrônicos. O diálogo faz parte da minha cultura, fui criado assim. Quando pequeno falava com brinquedos, televisão… Até aí normal.
O fato é que necessito verbalizar com alguém, ou com algo. Sempre fui do diálogo, mesmo sem palavras. Quantas conversas são infinitas e extremamente profundas sem nenhuma palavra se quer. Conversar e se relacionar é bom, dá uma sensação de integração, uma plenitude ímpar.
O problema é que aquela velha máxima que diz: só damos valor quando perdemos. É real. Quantas vezes esnobamos aquela conversa com um vendedor, com o atendente de telemarketing (aquele que vai resolver o seu problema, sem precisar ficar teclando todos os números do celular), aquele café com o gerente do banco e qualquer outro motivo banal.
Cada vez mais as pessoas são substituídas por robôs, máquinas, drones, inteligência artificial, etc. Nada contra a tecnologia, muito pelo contrário, muitas vezes elas ajudam sim. Mas o chato é que perdemos o contato e a relação. Por mais eficiente que o robô seja, é um robô, ele me poupa tempo, mas me poupa conversas, me poupa relações humanas e me priva da surpresa.
Mais chato que robôs de lata, só robôs com braços, olhos, cabelo, falta de empatia e falta de humor. Sim, isso é trágico, o robô humano é péssimo, vem com aquela conversa com meias palavras, preguiçosa de expressões, carente de sorrisos, um papo de surdo e mudo.
Vai ser ruim quando isso virar ainda mais rotineiro, quando for preferível se relacionar com maquinas do que com essas outras “maquinas humanas”, programadas para a chatice, falta de assunto e de expressão, zumbis de smartphone, criados a leite com tablet.
Tenho esperança em mais amor menos máquinas.